quinta-feira, 17 de julho de 2008

Disposição de um atleta com alma de um poeta

Ontem a noite assistindo ao programa Saia Justa no GNT ( que por sinal eu adoro!), vi a entrevista de um músico que no momento não me recordo o nome, mas que levantou uma questão que me levou a pensar um pouco mais sobre minha vida.
Depois de perder várias vezes o movimento das mãos por descuido ou descaso, o músico interrompeu por várias vezes sua carreira brilhante por não se achar capaz de superar os obstáculos. Mas aos 60 anos, depois de perder os movimentos necessários para tocar seu piano, esse senhor se reinventou e virou maestro. E com grandes chances de ter uma carreira brilhante.
Ao final da entrevista ele garante a nós telespectadores, que só com a maturidade ele conseguiu ter a disposição de um atleta e a alma de um poeta.
Essa frase me levou a pensar o porquê pessoas ficam em lugares que não lhes satisfazem. Simplesmente porque está dando certo? Por que geralmente só se reinventam quando algo de ruim o impede de continuar a ser o que era antes?
A humanidade passa a vida em busca da tal felicidade. Mas será que a felicidade significa dinheiro, estabilidade e só isso? Onde fica o prazer? O brilho nos olhos? O suspiro de levantar todos os dias e ir trabalhar com um sorriso estampado no rosto porque sabe que vai passar o dia fazendo o que gosta e o que escolheu pra si. Cadê o espírito de aventura? Cadê a coragem de pegar a vida pelo colarinho e escolher seu próprio rumo.
Acho que preciso começar a escolher mais o que acontece na minha vida e não deixar simplesmente que as coisas aconteçam. Quero reclamar menos e aprender mais. Quero ter a atenção nos detalhes do cotidiano, para que nunca mais oportunidades passem na minha frente e simplesmente não veja. Quero poder escolher o melhor caminho profissional e fazer de tudo para que dê certo. Mas se não der, ter a coragem suficiente para recomeçar do zero e ir atrás do meu sonho. Quero ter muitos sonhos, mas quero estar acordada para vivê-los.
Quero fazer da minha trajetória um preparatório para um dia ter a disposição de um atleta e a alma de um poeta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Querido Papai do Céu,

Desde que eu me entendo por gente, eu escuto falar no senhor. E como escuto! Ao longo dos anos fui percebendo que tudo que acontece aqui em baixo na Terra é de alguma maneira culpa Sua. Engraçado como alguém pode ser celebrado e xingado tantas vezes no mesmo dia por bilhões de pessoas diferentes.
Quando eu era criança todos os meus amiguinhos acreditavam em Deus, mas falavam com ele de formas diferentes. Pra cada um deles a história do papai do céu era contada de uma maneira. Eles juntavam as mãos em sinal de louvor e repetiam frases ensinadas pelos pais para que o Senhor escutasse. Às vezes, eu ficava pensando se o Senhor iria me escutar, porque além de serem muitas pessoas rezando, eu não sabia falar aquelas rezas com palavras difíceis. Achei melhor perguntar pra minha mãe, porque se Deus é tão importante assim eu também quero falar com Ele.
Mamãe me contou que existem várias religiões diferentes e que cada uma delas acredita em uma história, mas que no fim das contas são todas bem parecidas e todas acreditam em um ser supremos todo poderoso. Ela disse também que todo mundo deve agradecer as coisas boas que acontecem e pedir graças a Deus. Aí eu fiquei pensando. Aí eu fiquei pensando. Deus deve ser muito ocupado. Imagina atender a todo mundo? Gente pedindo coisa o tempo todo. Duvido que todo mundo agradeça.
Todos os meus amiguinhos ou eram cristãos ou eram judeus e eu tinha que saber o que eu era. Um dia matei aula e fiquei na biblioteca pesquisando sobre religiões. Era tanta informação que fiquei até com dor de cabeça. Nenhuma me satisfez por completo. Todas tinham filosofias que faziam completamente todo o sentido e outras que não tinham. Fiquei com isso na cabeça. Sempre tocava no assunto. Papai e mamãe já estavam preocupados achando que eu ia virar freira. Coitados! A única coisa que eu queria era entender que se realmente existe, quem é o Senhor?
Olhando pela janela do meu quarto, pude ver o mar batendo nas pedras e o sol se pondo lá no finzinho. De repente aquilo me deu uma paz profunda e uma alegria plena. Daí eu entendi que Deus existia sim e ele tava ali. Nas ondas, nos raios de sol, no sorriso das pessoas pelas ruas, na brisa do vento. Deus é sempre presente em tudo. Mas eu ainda tinha que falar com ele!
Depois de muito refleti, acabei descobrindo que a melhor maneira de me expressar e me fazer escutar pelo Senhor é simplesmente falar. Falar sem medo de ser julgada. Falar sem ter vergonha. Falar sempre, a qualquer hora e em qualquer lugar. Agradecer a toda hora por ter me dado a oportunidade de conhecer esse mundo tão fantástico, cheio de aventuras, mesmo que por vezes assustadoras. Reverenciá-lo por me permitir construir a minha história da maneira que eu bem entender e se não der certo agradecer por não me condenar e sim por me acolher em suas conversas e me consolar. E isso é Amor.
Todos os dias o Senhor dá provas de sua existência e crença no ser humano. Todos os dias são enviados messias ao nosso mundo. Cada bebê que nasce é um filho Seu que vem ao nosso mundo tentar gerar amor e tolerância entre as pessoas. É mais uma tentativa de dar certo. Dedos cruzados!
Obrigada por ser companheiro nas horas difíceis e nas boas. Obrigada por me carregar no colo quando eu mais preciso. Obrigada por olhar por mim e por aqueles que eu amo. Obrigada por acreditar que ainda pode dar certo. Obrigada por não desistir.
Ah, só pra registro, eu gosto de te chamar de Deuse penso no Senhor como um velinho gordinho de barba grande e cabelos brancos, meio como um Papai Noel mas sem as roupas vermelhas e o gorro engraçado.
Sempre contigo,
Amém!